GERALDINA PEREIRA FERNANDES (*23.Junho.1913; +23.Julho.2002)
Textos


Hermógenes Ernesto de Araújo, balconista, e Jerônima Pereira de Almeida, do lar, foram os nomes do pai e da mãe de Eurípedes Barsanulpho.

A jovem Jerônima tinha apenas quatorze anos quando o pai de Hermógenes compareceu diante do irmão mais velho da moça para pedir-lhe em casamento para o filho: esse irmão era José Pereira de Almeida, também seu tutor porque seus pais haviam falecido.

Jerônima não conheceria o noivo antes do casamento e o noivo queria casar-se, não por amor, mas para descomprometer-se dos serviços obrigatórios de recrutamento como Voluntário da Pátria para as forças imperiais.

O casamento se realizara na igreja Matriz da Freguesia do Patrocínio do Santíssimo Sacramento.

Seu Mogico e dona Meca, casados no ano de 1875, tiveram 15 filhos:
-Maria Neomísia, nascida em 8 de julho de 1876 e apelidada de Mariquinhas. Casara-se em 1894 com José Saturnino Júlio da Silva e desencarnou a 18 de junho de 1971;
-Eulógio Natal, nascido a 25 de dezembro de 1878, casou-se com Recemvinda Goulart (desencarnada em 1918), tendo seis filhos; viúvo em 1918, casou-se em segundas núpcias com Guiomar Goulart e foram pais de três filhos. Eulógio desencarnou a 29 de fevereiro de 1940.
-Eurípedes Barsanulpho. A certidão de batismo de Eurípedes foi emitida pela Paróquia de Nossa Senhora do Patrocínio do Santíssimo Sacramento, Diocese de Uberaba, em 11 de maio de 1880, constando a declaração dos pais de que Eurípedes nascera a 1º. de maio de 1880;
-Wenefreda Dermencília, nascida a 20 de agosto de 1882, casou-se com Aristófanes Mendonça e desencarnou a 8 de agosto de 1931. O casal teve mais de quatro filhos;
-Wattersides Willon, nascido a 7 de maio de 1884, casou-se com Almerinda Duarte Vilela e desencarnou em 21 de maio de 1938. O casal teve cinco filhos;
-Arísia Hermenencília, nascida a 15 de abril de 1885, casou-se com Aristógiton França com quem teve oito filhos e desencarnou a 9 de julho de 1953;
-Odulpho Wardil, nascido a 22 de fevereiro de 1887, casou-se com Zaíra Rezende (desencarnada em 1917). O casal teve dois filhos; viúvo casou-se em segundas núpcias com Maria José Alves (desencarnada em 1971) com quem teve outros seis filhos;
-Eurídice Miltan, nascida a 7 de dezembro de 1889 e apelidada de Sinhazinha casou-se com Ataliba Cunha com o qual teve 11 filhos. Eurídice desencarnou 2 de novembro de 1961;
-Edalides Milan, nascida a 18 de junho de 1893 e posteriormente ao casamento com José Rezende da Cunha, em 1911, passou a chamar-se Edalides Milan de Rezende;
-Eridite Irany, nascida a 27 de abril de 1895, casou-se com Manoel Correa e desencarnou em 17 de abril de 1961;
-Heródoto, nascido em 1896 (talvez em 9 de janeiro), desencarnou com oito meses de vida no corpo;
-Elith Irany, nascida a 9 de setembro de 1898 e posteriormente ao casamento com Alcides Vilela de Andrade passou a chamar-se Elity Irani Vilela. O casal teve duas filhas;
-Homilton Wilson, nascido a 27 de maio de 1900, casou-se com Margarida Giani em 1925 e desencarnou a 19 de julho de 1971. O casal teve vários filhos;
-Eulice Dillan, nascida a 17 de agosto de 1901, casou-se com Silvério Barbosa e desencarnou em 11 de maio de 1928;
-Wateville Wilman, nascido a 30 de outubro de 1902, casou-se com Naíde Duarte Vilela e desencarnou a 23 de janeiro de 1955; o casal teve sete filhos.

Obviamente nos tempos atuais, os filhos devem ter o sobrenome do pai: os filhos de Mogico e Meca deveriam ter o sobrenome "de Araújo"; ao final do século XIX não havia registro civil e sim registro paroquial, razão porque cada filho do casal tinha apenas um nome e com sobrenomes diferentes.

Jorge Rizzini registra a resposta do senhor Mogico sobre o motivo pelo qual seus filhos não tinham o seu sobrenome:
"-Ora, se um de meus filhos tornar-se famoso não trará complicações para os demais... Fiz isso por cautela..." [1:24]

De 1880 a 1885, o menino Eurípedes crescia num lar católico, conservador, situado numa casa de esquina entre a Rua Principal e sua transversal – hoje Rua Major Lima.

Eurípedes nascera sob os cuidados da parteira da cidade e amiga da família Mogico – a senhora Ludovina.
 
Bárbara Pereira de Almeida, apelidada de Babota, era irmã de dona Meca e possuía uma escrava de nome Rufina.

Com o nascimento do menino, Rufina fugiu de sua "dona" para prestar serviços a dona Meca, lavando roupas e fazendo comida.
 
Fontes biográficas dizem que Eurípedes era uma criança franzina, talvez não muito bem nutrido e, por isso, enfermiço.[2:26]

De acordo com as vestimentas da época, o menino Eurípedes usava camisola, de tecido grosso e com um pequeno bolso, até por volta dos sete ou oito anos de idade: no pequeno bolso, a mãe colocava um pedaço de pele de porco e outro de rapadura para que, durante todo o dia, a fome fosse enganada.
 
Em 1885 Eurípedes estava com cinco anos e o casal Mogico já possuía cinco outros filhos: naquele tempo, quanto maior a dificuldade financeira maior o número de filhos e a confiança em dias melhores.

E os dias melhores realmente vieram para a família Mogico: o senhor Hermógenes recebeu um convite de Antônio Batista de Melo para ser gerente de sua casa de comércio localizada na Estação do Cipó: toda a família se muda, em 1885, lá permanecendo até o ano de 1889.

A grande motivação da mudança de retorno a Sacramento foi Eurípedes ter contraído malária e, depois, o próprio senhor Mogico ter tido beribéri: a malária é doença infecciosa transmitida de pessoa para pessoa, após a picada do mosquito; beribéri é doença causada pela carência alimentar de vitamina B1, encontrada nos cereais, leite, legumes, peixes e ovos. Todos esses alimentos são ricos em tiamina (vitamina B1): a cura é pelo fornecimento da vitamina e, se for o caso, redução da ingesta de bebida alcoólica. Fraqueza muscular e dificuldades para respirar são sintomas de beribéri.

 A família Mogico retorna a Sacramento exatamente no ano em que é inaugurado o Colégio Miranda, cujo fundador e diretor é o professor e poeta João Derwil de Miranda – ex-aluno do famoso Colégio do Caraça, em Mariana – Minas Gerais.

Até 1885, Eurípedes aprendera a ler, a escrever e a contar na escola isolada e primária do senhor Joaquim Vaz de Melo; de 1885 a 1889 recebia lições de Aritmética e de Língua Portuguesa do seu próprio Mogico; ao retornarem a Sacramento, o jovem com nove anos é matriculado no Colégio Miranda, aonde permanece até o ano de 1901.



[1]RIZZINI, Jorge. Eurípedes Barsanulfo o apóstolo da caridade. 9. ed. São Bernardo do Campo: Correio Fraterno do ABC. 2004
[2] NOVELINO, Corina. Eurípedes o homem e a missão. Araras: IDE. 1997
 
Carlos Fernandes
Enviado por Carlos Fernandes em 18/07/2009
Alterado em 16/07/2011
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